Senhor, para quem iremos nós? 

Jesus e discípulos na praia
Rubén V. Alliaud, Setenta
Elder Rubén V. Alliaud, dos Setenta Segundo Conselheiro da Presidência da Área da Europa

Depois de ter alimentado, milagrosamente, cinco mil pessoas, Jesus proferiu o maravilhoso sermão sobre o Pão da Vida. Ele salientou que muitos O seguiam, não pela mensagem, “não pelos sinais que vistes, mas porque comestes do pão e vos saciastes”1. Por essa razão, Ele explicou que Ele era o verdadeiro Pão da Vida e que as bênçãos temporais recebidas nesta vida, mesmo que de forma milagrosa, não os salvariam: “[Os] vossos pais comeram o maná no deserto, e morreram” 2.

O impacto da Sua mensagem foi tal que: “Desde então muitos dos seus discípulos tornaram para trás, e já não andavam com ele”3.

Observando essa reação, Jesus olhou para os Doze, que estavam com Ele, e perguntou:  “Quereis vós também retirar-vos?” Pedro de imediato assumiu a responsabilidade, deu um passo à frente e, em representação do que todos sentiam, exclamou: “Senhor, para quem iremos nós? Tu tens as palavras da vida eterna”4.

Todos nós já passámos e ainda iremos passar por situações difíceis na vida, onde as nossas expectativas não irão encontrar uma correlação com a nossa realidade atual.

Haverá momentos em que poderão sentir-se cansados, desapontados, desanimados ou vazios. Para além disso, talvez até chegue um momento em que pensemos como os antigos: “Inútil é servir a Deus; que nos aproveita termos guardado os seus preceitos, e andarmos pesarosos diante do Senhor dos Exércitos?” 5.

É nestes momentos que nos ajoelhamos e clamamos:

“Onde encontrar a paz
E o consolo

Quando o mundo estiver contra mim?
Se n’alma carregar

Dor, desconsolo

Onde encontrarei a paz sem fim?” 6

 

Permitam-me partilhar convosco alguns princípios que, se compreendidos, irão ajudar-nos a perseverar enquanto aguardamos por tempos melhores.

O propósito desta vida.

O Presidente Russell M. Nelson relembrou-nos que: “A alegria que sentimos tem pouco a ver com as circunstâncias da nossa vida e tem tudo a ver com o [foco] da nossa vida” 7.

Nunca percam o foco de que esta Terra, onde vivemos, foi criada e preparada para nós com vista a levar a cabo o Plano de Salvação: “E assim os provaremos para ver se farão todas as coisas que o Senhor seu Deus lhes ordenar”8, apesar dos desafios circunstanciais da vida. Por outro lado, conforme foi explicado ao Profeta Joseph Smith, “todas essas coisas te servirão de experiência, e serão para o teu bem” 9. As provações são difíceis por natureza. Ao compreender isto, passamos a reconhecer que, não é que haja algo de errado connosco, mas sim, que estamos a cumprir o verdadeiro propósito de estarmos aqui.

Nunca saltem para fora de um barco a meio de uma tempestade.

Imaginem, por um instante, que se encontram num barco a atravessar uma tempestade muito forte em alto mar. Imaginem só, “Mestre, o mar se revolta! As ondas nos dão pavor; o céu se reveste de trevas, não temos um Salvador?”10. Tenho a certeza de que imensos pensamentos e sentimentos viriam à vossa mente, mas saltar do barco não seria nenhum deles. O barco do evangelho irá sempre prover-nos proteção e abrigo nas tempestades da vida.

Apeguem-se à fé e ao conhecimento que já possuem.

O rei Benjamim exortou-nos a acreditar em Deus, a acreditar que Ele tem toda a sabedoria e todo o poder e a acreditar que “o homem não compreende todas as coisas que o Senhor pode compreender”11. De certa forma, o entendimento da nossa ignorância deve fazer parte do nosso testemunho.

Como parte desta experiência mortal, não temos respostas imediatas para todas as questões circunstanciais da vida. Portanto, “preservem o que já conquistaram e permaneçam firmes até adquirirem conhecimento adicional”12.

As coisas que sabemos são mais importantes e poderosas do que as coisas que ainda não compreendemos muito bem.

Oro para que, ao abraçarmos estes princípios, possamos dizer repetidamente, tal como Pedro: “Senhor, para quem iremos nós? Tu tens as palavras da vida eterna” 13.

 

1. João 6:26

2. João 6:49

3. João 6:66

4. João 6: 67-68

5. Malaquias 3:14

6. Hino nº 73, 'Onde Encontrar a Paz?'

7. Presidente Russell M. Nelson, “Alegria e Sobrevivência Espiritual”, Conferência Geral, outubro de 2016.

8. Abraão 3:25

9. D&C 122: 7

10. Hino nº 72, 'Mestre, o Mar se Revolta'

11. Mosias 4: 9

12. Elder Jeffrey R. Holland. “Eu Creio, Senhor”, abril de 2013.

13. João 6:67-68